Sabe
aquele entrosamento e harmonia que acontece no time de futebol, em que apenas
um sinal já diz tudo sobre a jogada; ou na banda, quando só um olhar pra o
baterista faz ele mudar o toque e a emoção da música; e ainda entre casais
ou amigos, que de uma respiração diferente já se entende algo e nem precisa
falar nada?! É porque eles vivem tão juntos, que criam
intimidade e rituais próprios, que só eles têm acesso, e sinais que
só eles sabem decodificar, na intenção de esclarecer algo
e de exercer uma função. Parece muito com o que
acontece em nosso corpo. Já ouviu alguém dizer que está com vontade
de comer barro e ao fazer exames descobre que tem falta de ferro no organismo?
Eu já senti uma vontade enorme de comer determinadas comidas que antes eu dizia
detestar. Esses podem ser sinais que silenciosamente o corpo está nos
dando. Na gravidez, então, os sinais são variados, mostrando uma
necessidade fisiológica.
Quando a mulher está grávida, o seu corpo e o do bebê estão em sincronia: o corpo da mãe trabalha para suprir todas as necessidades daquele ser que está em formação. A prioridade é o desenvolvimento do feto e tudo o que ele precisar será fornecido. Por isso é tão importante se alimentar bem e de forma saudável na gestação. O organismo da gestante não deixará o bebê em falta para se poupar, mas irá fazer de tudo para garantir a sobrevivência e um bom desenvolvimento para a nova vida.
Seria
tudo muito harmonioso e natural se ouvíssemos as necessidades do nosso corpo e
as supríssemos, que é onde mora a conexão natural. Percebemos isso no início da
gestação, quando sentimos que estamos grávidas antes mesmo do teste de
gravidez, na sede que aumenta, no sono que é quase incontrolável, nos desejos e
necessidades alimentares específicas... Então, quando ouvimos e damos
importância a essas necessidades caminhamos para que tudo seja perfeito.
Mas
nos perdemos no meio do caminho ao pensarmos mais nas “coisas de fora” e aos
poucos deixamos de lado as coisas do lugar onde a gestação está acontecendo.
Pensamos no berço, no papel de parede, nas roupas de marca, no carrinho…
passamos horas andando por aí para comprar coisas e quando voltamos para casa
os pés estão inchados e não ouvimos esse inchaço, o que ele está me mostrando?!
Será que extrapolei e andei além da conta?! Apenas ignoramos e seguimos para
cumprir a listinha de compras dos móveis e enxoval, que nos deram em uma loja
ou imprimimos da internet.
Nos
desconectamos dos sinais que o nosso Fisiológico sabiamente nos manda e
chegamos na reta final cheias de “coisas de fora”, tendo que aumentar o esforço
para o trabalho de parto fluir, quando deveria ser um momento de total conexão
e entrega.Estamos tão envolvidas com planejamentos e listinhas a seguir que é
difícil sair do controle externo e se entregar ao instinto
do parir, do se abrir e deixar nascer. E quando nasce, queremos seguir o
tutorial de fazer o bebê dormir e de intervalos de mamada, queremos seguir as
orientações ditadas "por quem sabe mais", pelos livros e artigos, e
dai vem o desgaste, o cansaço e a exaustão, vem o choro e a sensação de não
conseguir fazer nada como "deveria", e as sensações que já são
intensas nos primeiros meses de vida, se transformam em ondas gigantes que
acabam por nos engolir.
Uma saída para tudo isso é: re-conexão. Você
tem tudo que o seu bebê precisa e o seu corpo continua entendendo as
necessidades dele, então, não mergulhe em todos os conselhos e orientações,
analise e se escute sem medo, lá dentro de você tem respostas valiosas para os
seus questionamentos.
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