quarta-feira, 19 de julho de 2017

Conexão: quando entendemos o que não é dito.



Sabe aquele entrosamento e harmonia que acontece no time de futebol, em que apenas um sinal já diz tudo sobre a jogada; ou na banda, quando só um olhar pra o baterista faz ele mudar o toque e a emoção da música; e ainda entre casais ou amigos, que de uma respiração diferente já se entende algo e nem precisa falar nada?! É porque eles vivem tão juntos, que criam intimidade e rituais próprios, que só eles têm acesso, e sinais que só eles sabem decodificar, na intenção de esclarecer algo e de exercer uma função. Parece muito com o que acontece em nosso corpo. Já ouviu alguém dizer que está com vontade de comer barro e ao fazer exames descobre que tem falta de ferro no organismo? Eu já senti uma vontade enorme de comer determinadas comidas que antes eu dizia detestar. Esses podem ser sinais que silenciosamente o corpo está nos dando. Na gravidez, então, os sinais são variados, mostrando uma necessidade fisiológica.

Quando a mulher está grávida, o seu corpo e o do bebê estão em sincronia: o corpo da mãe trabalha para suprir todas as necessidades daquele ser que está em formação. A prioridade é o desenvolvimento do feto e tudo o que ele precisar será fornecido. Por isso é tão importante se alimentar bem e de forma saudável na gestação. O organismo da gestante não deixará o bebê em falta para se poupar, mas irá fazer de tudo para garantir a sobrevivência e um bom desenvolvimento para a nova vida.

Seria tudo muito harmonioso e natural se ouvíssemos as necessidades do nosso corpo e as supríssemos, que é onde mora a conexão natural. Percebemos isso no início da gestação, quando sentimos que estamos grávidas antes mesmo do teste de gravidez, na sede que aumenta, no sono que é quase incontrolável, nos desejos e necessidades alimentares específicas... Então, quando ouvimos e damos importância a essas necessidades caminhamos para que tudo seja perfeito.
Mas nos perdemos no meio do caminho ao pensarmos mais nas “coisas de fora” e aos poucos deixamos de lado as coisas do lugar onde a gestação está acontecendo. Pensamos no berço, no papel de parede, nas roupas de marca, no carrinho… passamos horas andando por aí para comprar coisas e quando voltamos para casa os pés estão inchados e não ouvimos esse inchaço, o que ele está me mostrando?! Será que extrapolei e andei além da conta?! Apenas ignoramos e seguimos para cumprir a listinha de compras dos móveis e enxoval, que nos deram em uma loja ou imprimimos da internet.
 Nos desconectamos dos sinais que o nosso Fisiológico sabiamente nos manda e chegamos na reta final cheias de “coisas de fora”, tendo que aumentar o esforço para o trabalho de parto fluir, quando deveria ser um momento de total conexão e entrega.Estamos tão envolvidas com planejamentos e listinhas a seguir que é difícil sair do controle externo e se entregar ao instinto do parir, do se abrir e deixar nascer. E quando nasce, queremos seguir o tutorial de fazer o bebê dormir e de intervalos de mamada, queremos seguir as orientações ditadas "por quem sabe mais", pelos livros e artigos, e dai vem o desgaste, o cansaço e a exaustão, vem o choro e a sensação de não conseguir fazer nada como "deveria", e as sensações que já são intensas nos primeiros meses de vida, se transformam em ondas gigantes que acabam por nos engolir.


Uma saída para tudo isso é: re-conexão. Você tem tudo que o seu bebê precisa e o seu corpo continua entendendo as necessidades dele, então, não mergulhe em todos os conselhos e orientações, analise e se escute sem medo, lá dentro de você tem respostas valiosas para os seus questionamentos.

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